Ainda sem solução, carrapatos incomodam público da Cidade da Criança
sexta-feira, 10 de agosto de 2012Quem frequenta o Parque Ecológico Cidade da Criança, em Presidente Prudente, continua convivendo com os carrapatos. O assunto é discutido há meses, mas nenhuma medida efetiva foi adotada pelo Instituto de Gestão de Projetos do Noroeste Paulista (Gepron), que administra o local, por questões financeiras.
Em março deste ano, o instituto se reuniu com o Centro de Fauna Silvestre (CFS), ligado à Secretaria Estadual do Meio Ambiente, e representantes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para discutir o que poderia ser feito com as capivaras do local, que somavam 700 animais e têm acesso livre ao parque, apesar de serem animais selvagens.
As capivaras são as hospedeiras dos carrapatos transmissores da febre maculosa que pode atingir os humanos.
Sem verba
À época, determinou-se que o primeiro passo seria cercar o perímetro da Cidade da Criança para que as capivaras fossem contabilizadas e traçado um perfil dos animais, para posteriormente optar pelo manejo ou castração.
Entretanto, o cercamento ainda está travado por questões financeiras. “Fizemos o orçamento e a cerca custará R$ 700 mil. A Prefeitura Municipal de Presidente Prudente, por não ter esta despesa estabelecida no orçamento, solicitou convênio com o Estado, mas não houve resposta até agora. Se não firmarmos a parceria, vamos colocar este gasto no orçamento do próximo ano”, afirma o diretor executivo do parque, Adolfo Padilha.
Na tentativa de minimizar os riscos de contato com os animais e os carrapatos, o parque recebeu placas de orientação ao público e, de acordo com Padilha, panfletos têm sido distribuídos, além dos funcionários que atendem os presentes.
“Além disso, estamos aplicando veneno semanalmente nos pontos mais frequentados pelas capivaras e colocamos galinhas d’angola para comer os carrapatos. Mas os quatis do parque comem as galinhas, porque é um parque ecológico. Estamos tentando controlar o máximo possível, mas as pessoas também precisam entender que aqui é meio do mato, não é hotel e sempre vai haver o risco de pegar um carrapato, ser picado por uma abelha ou pernilongo”, pondera o diretor.
De acordo com ele, o número de reclamações de picada de carrapatos tem diminuído graças a essas medidas. “Quem pegou o parasita foi porque estava em lugares não indicados e não respeitou a sinalização”, afirma Padilha.
Reclamações
Porém, não foi o caso da aposentada Nadir de Campo. No último domingo (5), ela foi com mais dez pessoas almoçar e passar a tarde na Cidade da Criança. Depois de andar pelo parquinho, ver as tartarugas e araras, ir ao restaurante e ao Parque Aquático, ela encontrou dois carrapatos no corpo, um no joelho e outro na axila.
“Tive uma espécie de reação alérgica por todo o corpo, principalmente na barriga e nas coxas. Fiquei com vários pontos vermelhos, que viraram bolhas. Me deu uma coceira insuportável e fiquei muito preocupada, porque já passei por quimioterapia e senti medo de pegar alguma doença”, conta.
O editor de áudio Orlando Beraldo também encontrou carrapatos na perna depois de um passeio no parque, mas ele admite ter ignorado o aviso. “Eu e um amigo andamos de pedalinho e acabamos indo perto das capivaras, mesmo tento visto as placas avisando para não ficarmos perto das margens”, confessa.
“Eu acho que o nosso acesso não pode ser restrito. Eles têm que cuidar melhor do parque, fazer alguma coisa que funcione. Porque em Campo Grande [MS], por exemplo, o Parque das Nações Indígenas tem 50 vezes mais capivaras do que em Prudente e eu nunca peguei carrapatos nas várias vezes que fui lá”, opina ele.
No final do ano passado, um menino de 7 anos ficou internado por 42 dias na Santa Casa de Presidente Prudente com Síndrome de Fournier. A doença, segundo especialistas, é causada pela picada de insetos. Na época da internação, a mãe do garoto disse que ele tinha participado de um acampamento na Cidade da Criança, onde teria sido picado por um carrapato. Ele foi tratado e recebeu alta.
Segundo os médicos, se após visitar o parque a pessoa encontrar carrapatos pelo corpo e, em seguida, sentir febre, dores musculares e dor de cabeça, deve passar por uma consulta.
Fonte: iFronteira
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